Lisbon Architecture Triennale - The form of form

KGDVS - Kersten Geers and David Van Severen

Following our coverage of the Lisbon Architecture Triennale, we met with Kersten Geers and David Van Severen, founders of the office kgdvs, to talk about their take on the Form of Form, and the collaboration with the offices Johnston Marklee and Brandão Costa Arquitectos.

Prosseguindo com a cobertura Trienal de Arquitectura de Lisboa, encontrámo-nos com Kersten Geers e David Van Severen, fundadores do office kgdvs, para falar sobre o seu trabalho na concepção da Forma da Forma, e da sua colaboração com os escritórios Johnston Marklee e Brandão Costa Arquitectos.

— start —

Kersten Geers: Perhaps the most important decision we made together was to not select your own space, not to select something from you own architecture but to give each other I think it was a folder with 10 projects (…) so in a way it was more trying to discover architecture spaces which we found interesting.
Some of them maybe we’ve seen a picture of, some others which we never realize, some spaces which maybe we misunderstood you looked at the plan you looked at the section and…So very much I believe it was about discovery of what a certain space as you see them in plan and section, could be like in reality. So we didn’t have to represent ourselves, we didn’t have to think “ahh if we think of our own office what would be the most interesting space?”.
No, we could look at Johnston Marklee and say “hey which one would be the space you would really like to see?” and the same with Nuno Brandão Costa.
So we looked through the plans and we found some spaces, I remember a very narrow triangular space of Nuno which we thought how would that be like, we had never seen the building, of Mark a kind of strangely domed space, it would be a space which we as an office would never make, which we would like to see. I think that’s a little bit how it went.

Kersten Geers: Talvez a decisão mais importante que tomámos juntos foi não selecionar os nossos próprios espaços, não selecionar algo da nossa própria arquitetura, mas dar uns aos outros eu penso que uma pasta com 10 projetos (...) ide certa forma foi mais sobre tentar descobrir espaços arquitectónicos que considerámos interessantes.
Alguns talvez tenhamos visto uma foto, outros que nunca os tínhamos percebido daquela forma, alguns espaços que entendemos mal ao olhar para as plantas e cortes e... Por isso eu creio que foi sobretudo sobre a descoberta do como um determinado espaço que conheces em planta e corte, poderia ser na realidade. Como não tínhamos que nos representar a nós próprios, não era necessário pensar "ahh se pensarmos no nosso próprio escritório qual seria o espaço mais interessante?".
Não, nós podíamos olhar para Johnston Marklee e dizer "hey qual seria o espaço que tu realmente gostavas de ver?", e o mesmo com o Nuno Brandão Costa.
Assim nós olhamos para as plantas e encontrámos alguns espaços, lembro-me de um espaço triangular muito estreito do Nuno e que pensámos como seria isto, nós nunca tínhamos visto o edifício, do Mark uma espécie de espaço em cúpula, que seria um espaço que nós, como um escritório nunca faríamos, e que gostaríamos de ver. Eu penso que foi um pouco assim.

Lisbon Architecture Triennale, Kersten Geers, David Van Severen, Johnston Marklee, Nuno Brandão Costa

Kersten Geers and David Van Severen

David Van Severen: It just came as a kind of a very natural fascination for each of the practices, so we chose out of very personal reasons triangle spaces, domed spaces, things that we obviously or less obviously wouldn’t make ourselves.
In a weird way we felt the same as the others, they had the same kind of fascination for our work in another way, so it’s very complementary in that sense. If you combine them all together you get what you’ve seen, it’s a weird effect when you put it all together but it works immediately probably because of this complementarity.

Kersten Geers: I think that for us, and you can see in the spaces selected by the other 2 offices, I mean their architecture is often very simple, very rigid, so I think we were very interested in exactly this spaces in their work, like say Nuno’s work often has very rectangular spaces very simple spaces, but I think we looked for the exceptions. We looked for the spaces which were a little bit different from that and with Johnston Marklee, with Mark and Sharon, we looked very much for this spaces which had a very specific sectional quality. Maybe something we don’t explore so much in our own work.

David Van Severen: Surgiu como uma espécie de um fascínio muito natural por cada uma das práticas, e como tal escolhemos por razões muito pessoais espaços triangulares, espaços abobadados, coisas que nós obviamente ou menos obviamente, não faríamos.
De uma forma estranha sentimos o mesmo que os outros, eles tinham o mesmo tipo de fascínio pelo nosso trabalho, e por isso é muito complementar neste sentido. Ao combiná-los todos juntos, tens o que se vê, é um efeito estranho quando colocas todos os espaços juntos, mas funciona imediatamente provavelmente por causa dessa complementaridade.

Kersten Geers: Eu penso que para nós, e podes ver isso nos espaços selecionados pelos outros 2 escritórios, quero dizer sua arquitetura é muitas vezes muito simples, muito rígida, e nós estávamos muito interessados exatamente nesses espaços no seu trabalho, como por exemplo o trabalho do Nuno muitas vezes tem espaços muito retangulares espaços muito simples, mas eu acho que nós olhámos para as exceções.
Nós olhámos para os espaços que eram um pouco diferentes disso e com Johnston Marklee, com o Mark e a Sharon, nós olhamos muito para espaços que tinham uma qualidade nos cortes muito específica. Talvez algo que nós não exploramos muito no nosso próprio trabalho.


Lisbon Architecture Triennale, Kersten Geers, David Van Severen, Johnston Marklee, Nuno Brandão Costa

The Form of Form Exhibit © Tiago Casanova

— the form —

Kersten Geers: There was a version of the project about a year ago or a bit longer, that was inside the building, and what was I think very much important for us then, I mean all three of us, was that it was a sequence of interiors and you could never quite see the exterior of it. So the tote was that when the spaces were very close to each other you would walk from room into room into room and you would never see the construction of it, you would never see the outside. That was possible in this big space.
The moment it moved outside I think somehow the relationship between the different rooms changed a bit. I think we allowed ourselves a bit more space, so you see it now, that sometimes there’s some left over space. Which I guess we all felt was ok because you would go to see the building anyhow from the site, you could almost walk in between the building.
So now you see very much, and I think we all liked that and it was a very positive result of the consequences of how to build it, that you see a perfect space plastered on the inside and you see a fragment of another building on the outside.
In a way, I don’t know who said that but, from the outside the building it almost looks like a building, very material, very specific this metal construction, it has a very strong presence in some sense and then you go on the inside and it becomes very ephemeral, plastered and white, abstract model like. And so this kind of ambiguity became very strong, very powerful.
What you see know and I think we have to absolutely credit Nuno for that, in the way it was built, the actual materialisation of the outside, like the metal stud beams, started to have a very strange relationship with the architecture of the old electricity building. Which is beautiful, a very technical appearance in a way.

David Van Severen: And also one more thing in favour again of Nuno who managed locally and of course is as much of an author of the project, but he was here dealing with the project. He also chose from our office 2 patios and is somehow weird how he arranged them, obviously we talked about it together, but he put them in the all composition and somehow all together it makes sense.
There are 2 patios, which are basically not built space, and they are from the Ordos project and also from the Shor house in Brussels, and they combine all the spaces around, and so we are also somehow very honored we can almost say, for just providing open spaces within the composition of what is the final result for the Triennale.

Kersten Geers: Houve uma versão do projeto à cerca de um ano ou um pouco mais, que estava dentro do edifício, e o que eu acho muito importante para nós na altura, quero dizer todos os três gabinetes, foi que o projeto era uma sequência de interiores e tu nunca conseguias ver o exterior do mesmo.No fundo, quando os espaços eram muito próximos uns dos outros e tu ias de um espaço para outro espaço e para outro espaço e nunca vias a construção da estrutura, nunca vias o exterior. Isso tornou-se possível neste grande espaço.
No momento em que se mudou para o exterior, eu penso que de alguma forma a relação entre as diferentes salas mudou um pouco. Eu penso que nós permitimo-nos um pouco mais de espaço, assim como podes ver agora, às vezes sobra espaço. Que eu penso que todos nós sentimos que era possível, porque tu irias ver o edifício de qualquer forma no sítio, tu quase podes caminhar por entre o edifício.
Então agora vês muito, e eu acho que todos nós gostámos disso e foi um resultado muito positivo das consequências de como construí-lo, vês um espaço perfeito rebocado por dentro e vês um fragmento de um outro edifício no lado de fora.
De certa forma, eu não sei quem disse mas, a partir do exterior o edifício parece um edifício, é muito material, muito específico da construção em metal, tem uma presença muito forte, e de seguida, tu entras e torna-se muito efémero, rebocado e branco, como uma maquete abstrata. E como tal este tipo de ambiguidade tornou-se muito forte, muito poderosa.
O que vês agora e penso que temos de dar crédito ao Nuno por isso, na forma como foi construído, a concretização efectiva do exterior, com as vigas de metal, começou a ter uma relação muito estranha com a arquitetura do edifício adjacente. Que é bonito, é uma aparência muito técnica de certa forma.

David Van Severen: E também mais uma coisa a favor do Nuno que geriu o projeto localmente e, claro, é tanto autor do projeto como qualquer um de nós, mas ele estava aqui a lidar com o projeto. Ele escolheu 2 pátios do nosso escritório e é de algum modo estranho como ele os colocou, obviamente nós conversámos sobre isso juntos, mas ele colocou-os na composição e de alguma forma tudo junto faz sentido.
Há 2 pátios, que basicamente são espaços não construídos, e eles são provenientes do projeto em Ordos e também da casa Shor em Bruxelas, e eles combinam todos os espaços ao redor, e por isso estamos também de alguma forma muito honrados quase podemos dizer, por providenciar espaços abertos na composição contribuindo para o resultado final da Trienal.

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Kersten Geers: It has also to do with decisions about materialisation, I mean spaces some of them which we built and some of others which we never built, all of the sudden by whitening them by plastering them, they become comparable to spaces which Johnston Marklee built which are maybe very different in tectonic. And I think that was also for us quite a discovery, you walk from one into the other and you think again and say “wow this was a space of ours originally” or a space of Mark and Sharon or Nuno. That was really special.
And I think you can not make it as a diagram, you have to make it in real. And in that sense, the form of form, Diogo’s intentions…I mean Diogo (Diogo Seixas Lopes - Curator) sadly was, was a genius, he was able to see links which I think neither of us was able to see. He was able to say my friends David, Kersten, Sharon and Mark and Nuno, actually they can do something together.

And although we all kind of knew each other, we always have been told despite all the respect “they’re different practices”, and then somehow putting you together and then finding a way, I think we discovered what was overlapping along the way. And that was I think, absolutely, Diogo’s merit.

Kersten Geers: Também tem a ver com as decisões sobre materialização, quero dizer espaços alguns deles que nós construímos e outros construídos, de repente ao branquea-los com reboco, eles tornam-se comparáveis aos espaços que Johnston Marklee construiu, que são, talvez, muito diferentes tectónicamente. E eu acho que também foi para nós um grande descoberta, andas de um para o outro e pensas novamente e dizes "uau este era um espaço nosso originalmente" ou um espaço do Mark e da Sharon ou do Nuno. Isso foi realmente especial.
E eu acho que não pode ser feito como um diagrama, tinha que ser feito à escala real. E nesse sentido, a forma de forma, as intenções do Diogo... O Diogo (Diogo Seixas Lopes - curador), infelizmente era, era um génio, ele foi capaz de ver ligações que eu acho que nenhum de nós era capaz de ver. Ele foi capaz de dizer os meus amigos David, Kersten, Sharon e Mark e Nuno, na verdade, eles podem fazer algo juntos.

E embora nós de certa forma nos conhecêssemos, sempre nos foi dito apesar de todo o respeito "são diferentes práticas", e de alguma forma reunir este conjunto de gabinetes e encontrar uma maneira, eu acho que nós descobrimos o que estava sobreposto entre nós ao longo do caminho. E isso foi eu penso, absolutamente, mérito do Diogo.